A maior preocupação de um Educador é a de que o educando possa construir, com sucesso, o seu conhecimento, para tanto, vivemos discutindo e buscando soluções, a cada vez melhores para que se facilite esse processo. Um dos maiores prazeres que temos é o de um dia nos depararmos com um ex-aluno bem sucedido profissionalmente na área que desejou.
Sabemos que cada indivíduo é único geneticamente, o que o faz possuir características muito pessoais, produzidas por seu genótipo. Dentre elas as cognitivas. Dificilmente encontraremos duas pessoas que incluem em seu universo de conhecimento determinado assunto de uma forma idêntica. Se olharmos para nós mesmos e para as pessoas de nossa convivência, perce-bemos, nitidamente, essa diversidade. Uns gostam de ler um livro, uma apostila um paper, jornal, revistas especializadas; outros de assistir a uma aula, uma palestra, um filme; há quem prefira um áudio, uma música enquanto lê, um podcast de uma aula ou palestra; e os que necessitam de uma ação para reforçar o aprendizado, práticas nos conteúdos, experiências, pesquisas, etc... Essas características são conhecidas por Estilos de Aprendizagem.
Destes, há, por sua vez, uma grande diversidade, estudados por vários teóricos das áreas de Educação, Psicologia, Psiquiatria, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Programação Neuro-linguística... Neste texto trataremos dos Estilos de Aprendizagem Sensórios, como os chamarei, não que sejam apenas estes que assim possam ser classificados, mas trabalharemos com três grandes grupos deles, os chamados Estilo Visual, Auditivo e Sinestésico, e suas características em relação à aprendizagem.
Estilo de Aprendizagem Visual
Quando o Estilo de Aprendizagem do indivíduo é enfaticamente visual, temos nele uma maior facilidade cognitiva ao montar mapas mentais a partir de conceitos que lhes sejam apresentados em formas gráficas ou icônicas. Os estímulos visuais lhes serão de maior valia que simplesmente ouvir uma aula expositiva ou uma palestra onde o ministrante não utiliza recursos visuais com eficiência. Muitas vezes são usados, mas em um tempo pequeno para o visual perceber a mensagem.
O visual perde a atenção ao assunto apresentado quando há um grande número de estímulos visuais conflitantes, dentro de um conjunto muito extenso de informações recebidas. Desta forma, como a sua capacidade de processamento da informação é feito de forma mais rápida que a dos demais, se sua atenção não for assegurada de forma eficaz, se perde em devaneios, deixando de assimilar o desejado. O que ocorre, também, se o ambiente em que está lhe chame mais a atenção que o objeto de aprendizagem, visto que sua capacidade de percepção o faz atentar ao que está em seu redor, levando-o à dispersão. Sua percepção do ambiente é tão global que é capaz de, olhando o todo, decompô-lo em suas partes, quando lhe for necessário.
Seu momento de estudo deve ser revestido por estímulos visuais, como as vídeo-aulas. Deve procurar montar esquemas, resumos, anotações, tabelas, gráficos, fluxogramas, desenhos. Estes podem ser afixados em locais onde o aprendente tenha contato visual constante, como portas de armários, ou de quartos, papéis de parede de seu computador... Com isso, construir imagens mentais do que está estudando é, posteriormente, reorganizá-la em formas textuais.
Estilo de Aprendizagem Auditivo
Este trabalha cognitivamente criando histórias com o que está ouvindo. Sendo assim, por ficar muito atento aos sons, é facilmente perturbado por outros sem importância que se tornam, literalmente, ruídos na comunicação com esta pessoa. Outra forma de desviar-lhes a atenção são informações sonoras desconexas e em muita quantidade e velocidade, visto que seu processamento de informações não é tão veloz quanto o do visual. Embora não aparente estar ligado às alterações que estão em seu plano visual, é capaz de discernir todos os sons e tudo o que está sendo falado em sua volta.
Outra característica marcante deste indivíduo diz respeito à sua organização. Mesmo sendo organizado, depende de uma série de instruções passo-a-passo e outras informações para agir. Por terem na linguagem sua maior forma cognitiva, ao estudar repetem para si o que devem aprender.
Gravar aulas, palestras, seminários, ou outros do gênero, podem ser de grande valia para o auditivo na hora de estudar. Fazer resumos e gravá-los para posteriormente ouvi-los é de extrema eficácia, assim como ler os textos a estudar em voz alta, e durante as aulas, ouvir mais que anotar, deixando para fazer os resumos em outro horário, anotando, durante a aula apenas as informações indispensáveis. Uma boa conversa com os colegas sobre a aula ou sobre o conteúdo estudado é um ótimo recurso para este auditivo.
Estilo de Aprendizagem Sinestésica
Por fim, o grupo dos Sinestésicos. Estes são dependentes de experiências motoras, sendo assim, a prática ao estudado lhes é essencial ao aprendizado. Sua atenção é prejudicada quando recebe estímulos áudio-visuais desconexos, pois seu processamento de informações é o mais lento dentre os três grupos. Por essas características, a imobilidade os faz perder parte preciosa de sua capacidade cognitiva, muitas vezes as salas-de-aulas matriciais ou tolhem de aprender, ou os rotula de “perturbador da ordem”, o que, necessariamente, não o é.
Aparentemente disperso das atividades visuais, é absolutamente consciente do ambiente que o circunda, pois tem sua atenção muito focada no “eu”, o que não os faz, necessariamente uma pessoa egocêntrica, mas consciente de seus sentimentos e sensações. Possui um senso organizativo inusitado, é criativo e chega à conclusões, na maioria das vezes, diferente da maioria de seus pares.
Algo que facilita, ao extremo, um sinestésico são os professores com boa movimentação em sala-de-aulas, que inflexionam as palavras com modulação de voz, interpretando o conteúdo explicado. As aulas práticas em laboratórios passam a ser uma ferramenta de grande valor, por lhes ser de fundamental importância a prática do que está aprendendo. Quando em momento de estudo solitário, ler em voz alta movimentando-se pelo espaço, que pode ser um quarto, uma sala, ou, até, uma pista de caminhada ou corrida em um parque usando um MP3, MP4, IPod... O importante é que associe movimentos, gestos, inflexões de vozes com o conteúdo estudado, pois quando precisar trazê-los da memória poderá fazê-lo lembrando da situação de aprendizagem.
O ideal é que todos busquem desenvolver em si os três Estilos de Aprendizagem afim de que possam aprender em qualquer situação de construção do conhecimento. E quanto ao docente, que a cada assunto que irá ministrar, que pense em estratégias adequadas à cada Estilo de Aprendizagem que encontrará inerente a cada um de seus aprendentes.
Bons estudos a todos...
Grande abraço,
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Milton Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especializando em Educação a Distância
Designer Instrucional
Coordenador de Pólo Presencial – Eadcon
Referência:
http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/AU_01_jsilveira.pdf
Processamento Auditivo: Fundamentos e Terapias , de Ana Maria Alvarez, Editora Lovise
Olá Milton, adorei o material postado. Sou licenciada em Quimica e o meu trabalho de conclusão de curso, foi desenvolver um material didático em formato hirpemídia, adaptado aos estilos cognitivos, senti muita dificuldade pois meus professores pouco conheciam sobre assunto... pesquisei muito e no fim o material ficou muito bom. Acredito que a produção de materiais diferenciados para cada estilo de aluno é fundamental para uma aprendizagem significativa e sem dúvida a EaD deve incorporar esta prática, visto que os alunos vem de diferentes regiões, possuem estilos e ritimos de aprendizagem muito diferentes e devemos respeita-los.
ResponderExcluirPois é...
ResponderExcluirCoisa antiga essa de se dizer que as necessidades individuais dos alunos precisam ser atendidas!
No entanto, muito pouco ainda é feito neste sentido.
Em sua maioria, os professores não compreendem ainda as coisas nesse nível: Pessoas são diferentes, aprendem de forma diferenciada. Portanto, o que funciona para uns não funcionará para todos.
Não se trata de diagnosticar como distúrbio de aprendizagem toda resposta aquém do esperado - coisa muito comum de acontecer.O aluno sinestésico então, é o que mais sofre por ser facilmente rotulado de hiperativo.
Antes disso, precisamos rever nossas metodologias, ampliar nossa prática a fim de incorporar diferentes atividades, que contemplem diferentes linguagens para um mesmo conteúdo.
A meu ver, nos dias de hoje, é inconcebível um planejamento de aula que não busque, minimamente, atender a essas questões.
Não adianta concordarmos que o aluno de hoje não é uma tábula rasa onde o conhecimento será inculcado se não buscamos compreender que ele, ser pensante, que se relaciona com o mundo além e apesar da escola e que, portanto, é produtor do seu conhecimento; se não olhamos pra ele com olhar curioso de quem quer descobrir a forma como ele faz este percurso. E como podemos interferir de forma produtiva.
Todas as teorias do mundo não darão conta de mudar o que precisa ser mudado se nós não nos colocarmos na postura de intelectuais que pensam e repensam sua prática.
Obrigada por esta oportunidade de mais uma reflexão.
Um abraço,
Rosângela