sábado, 15 de agosto de 2009

Comunicação (As)Síncrona

Muitas vezes, em sala-de-aulas, deparo com alunos que deixam de compreender um conceito, não por desconhecimento desta ou daquela disciplina, mas por uma má formação em nosso idioma. Termos que quando trabalhados na sua etimologia transformam óbvios seus conceitos. Nessas horas lamento a retirada de nosso currículo básico o Latim, base do Português, ou um aprofundamento em Morfologia no ensino de nossa língua. Seria de muita utilidade para nossos estudantes um conhecimento mais aprofundado dos radicais, prefixos e sufixos latinos e gregos. Garanto que os professores das demais disciplinas agradeceriam muito, pois facilitaria grandemente o trabalho de ensinar, permitindo ao aluno, ao reconhecê-los nas palavras, perceber o conceito inerente à ela.

Por que faço toda essa introdução para discutir dois conceitos que já estão introjetado no rol de termos mais comuns em EAD - síncrono e assíncrono? Porque no simples olhar à morfologia dos termos suas semânticas vêm à tona.

Inicialmente vamos deixar de lado as aplicações contextualizadas destes. Tomemos, então, o primeiro deles. Síncrono. O seu radical tem origem no grego e quer dizer tempo, dele derivam cronologia, cronológico, crônico, e uma infinidade de outros termos. Mas quando prefixado por [sin-], também originário do grego, com o sentido de simultaneidade, forma o morfema [síncrono], clarificando sua semântica de simultaneidade temporal. Quando olhamos outro prefixo grego, o [a-], notamos que transforma uma palavra em sua negação, transforma-a em privação do conceito inerente ao seu radical. Sendo assim, assíncrono, deixa de ter o sentido de simultaneidade temporal, como descrito acima, e torna-se em um conceito atemporal, para utilizar a mesma prefixação em relação ao radical tempo.

Agora sim, vamos contextualizar os termos em nosso estudo de EAD ou das TICs empregadas à Educação. Ao falarmos de Comunicação Síncrona, nos referimos àquela produzida por ferramentas, também síncronas, ou seja, ao mesmo tempo, simultaneamente, com outros participantes da palestra, do curso ou da aula em questão. Tais ferramentas podem ser um simples chat, como o MSN ou o Skype, mas podem ser ferramentas mais sofisticadas de webmeeting, onde os participantes interagem em áudio e vídeo com o ministrante que pode fazer uso de slideshows, animações e vídeos como ferramentas assessórias à explanação do assunto. Nestas reuniões, os participantes podem interferir com seus conhecimentos e experiências pessoais, gerando assim a construção coletiva do conhecimento de todo o grupo. Por outro lado, quando olharmos às ferramentas assíncronas, estamos nos referindo àquelas onde o aprendente pode acessar independente de horários pré-agendados, e sim no momento em que lhe for propício, para uma melhor interação com o conteúdo e ferramentas disponíveis. Estas podem estar em ambientes como blogs, comunidades sociais, wikis, LMS,..., na forma de textos, podcasts, slideshows, animações, vídeos, testes, ou outras tantas formas de disponibilização de conteúdos.

Se olhamos tais formas de comunicação, visando a montagem de cursos em EAD, precisamos atentar à uma questão fundamental, a relação custo-adequabilidade-benefício. Um curso baseado em ferramentas síncronas utilizando ambiente especialista, pode ter um custo que inviabilize o processo, neste caso as ferramentas assíncronas podem ser mais indicadas. Portanto, um bom planejamento prévio do curso com seus objetivos gerais e específicos bem delineados, perfil do participante esperado definido, assim como o conteúdo a ser disponibilizado com a ferramenta selecionada, serão informações imprescindíveis à tomada de decisão quanto à sincronicidade, ou não, do ambiente a ser utilizado.

Grande abraço,

____________________________________

Prof. Milton JB Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especializando em Educação a Distância
Designer Instrucional
Coordenador de Pólo Presencial – Eadcon

Referência:

BRITO, Allan. Síncrono ou assíncrono. Disponível em http://www.colaborativo.org/blog/2007/10/08/sincrono-ou-assincrono/. Em 15/08/2009.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estilos de Aprendizagem - O Caminho Sensorial da Aprendizagem


A maior preocupação de um Educador é a de que o educando possa construir, com sucesso, o seu conhecimento, para tanto, vivemos discutindo e buscando soluções, a cada vez melhores para que se facilite esse processo. Um dos maiores prazeres que temos é o de um dia nos depararmos com um ex-aluno bem sucedido profissionalmente na área que desejou.

Sabemos que cada indivíduo é único geneticamente, o que o faz possuir características muito pessoais, produzidas por seu genótipo. Dentre elas as cognitivas. Dificilmente encontraremos duas pessoas que incluem em seu universo de conhecimento determinado assunto de uma forma idêntica. Se olharmos para nós mesmos e para as pessoas de nossa convivência, perce-bemos, nitidamente, essa diversidade. Uns gostam de ler um livro, uma apostila um paper, jornal, revistas especializadas; outros de assistir a uma aula, uma palestra, um filme; há quem prefira um áudio, uma música enquanto lê, um podcast de uma aula ou palestra; e os que necessitam de uma ação para reforçar o aprendizado, práticas nos conteúdos, experiências, pesquisas, etc... Essas características são conhecidas por Estilos de Aprendizagem.

Destes, há, por sua vez, uma grande diversidade, estudados por vários teóricos das áreas de Educação, Psicologia, Psiquiatria, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Programação Neuro-linguística... Neste texto trataremos dos Estilos de Aprendizagem Sensórios, como os chamarei, não que sejam apenas estes que assim possam ser classificados, mas trabalharemos com três grandes grupos deles, os chamados Estilo Visual, Auditivo e Sinestésico, e suas características em relação à aprendizagem.

Estilo de Aprendizagem Visual

Quando o Estilo de Aprendizagem do indivíduo é enfaticamente visual, temos nele uma maior facilidade cognitiva ao montar mapas mentais a partir de conceitos que lhes sejam apresentados em formas gráficas ou icônicas. Os estímulos visuais lhes serão de maior valia que simplesmente ouvir uma aula expositiva ou uma palestra onde o ministrante não utiliza recursos visuais com eficiência. Muitas vezes são usados, mas em um tempo pequeno para o visual perceber a mensagem.

O visual perde a atenção ao assunto apresentado quando há um grande número de estímulos visuais conflitantes, dentro de um conjunto muito extenso de informações recebidas. Desta forma, como a sua capacidade de processamento da informação é feito de forma mais rápida que a dos demais, se sua atenção não for assegurada de forma eficaz, se perde em devaneios, deixando de assimilar o desejado. O que ocorre, também, se o ambiente em que está lhe chame mais a atenção que o objeto de aprendizagem, visto que sua capacidade de percepção o faz atentar ao que está em seu redor, levando-o à dispersão. Sua percepção do ambiente é tão global que é capaz de, olhando o todo, decompô-lo em suas partes, quando lhe for necessário.

Seu momento de estudo deve ser revestido por estímulos visuais, como as vídeo-aulas. Deve procurar montar esquemas, resumos, anotações, tabelas, gráficos, fluxogramas, desenhos. Estes podem ser afixados em locais onde o aprendente tenha contato visual constante, como portas de armários, ou de quartos, papéis de parede de seu computador... Com isso, construir imagens mentais do que está estudando é, posteriormente, reorganizá-la em formas textuais. 

Estilo de Aprendizagem Auditivo

Este trabalha cognitivamente criando histórias com o que está ouvindo. Sendo assim, por ficar muito atento aos sons, é facilmente perturbado por outros sem importância que se tornam, literalmente, ruídos na comunicação com esta pessoa. Outra forma de desviar-lhes a atenção são informações sonoras desconexas e em muita quantidade e velocidade, visto que seu processamento de informações não é tão veloz quanto o do visual. Embora não aparente estar ligado às alterações que estão em seu plano visual, é capaz de discernir todos os sons e tudo o que está sendo falado em sua volta.

Outra característica marcante deste indivíduo diz respeito à sua organização. Mesmo sendo organizado, depende de uma série de instruções passo-a-passo e outras informações para agir. Por terem na linguagem sua maior forma cognitiva, ao estudar repetem para si o que devem aprender.

Gravar aulas, palestras, seminários, ou outros do gênero, podem ser de grande valia para o auditivo na hora de estudar. Fazer resumos e gravá-los para posteriormente ouvi-los é de extrema eficácia, assim como ler os textos a estudar em voz alta, e durante as aulas, ouvir mais que anotar, deixando para fazer os resumos em outro horário, anotando, durante a aula apenas as informações indispensáveis. Uma boa conversa com os colegas sobre a aula ou sobre o conteúdo estudado é um ótimo recurso para este auditivo.

Estilo de Aprendizagem Sinestésica

Por fim, o grupo dos Sinestésicos. Estes são dependentes de experiências motoras, sendo assim, a prática ao estudado lhes é essencial ao aprendizado. Sua atenção é prejudicada quando recebe estímulos áudio-visuais desconexos, pois seu processamento de informações é o mais lento dentre os três grupos. Por essas características, a imobilidade os faz perder parte preciosa de sua capacidade cognitiva, muitas vezes as salas-de-aulas matriciais ou tolhem de aprender, ou os rotula de “perturbador da ordem”, o que, necessariamente, não o é.

Aparentemente disperso das atividades visuais, é absolutamente consciente do ambiente que o circunda, pois tem sua atenção muito focada no “eu”, o que não os faz, necessariamente uma pessoa egocêntrica, mas consciente de seus sentimentos e sensações. Possui um senso organizativo inusitado, é criativo e chega à conclusões, na maioria das vezes, diferente da maioria de seus pares.

Algo que facilita, ao extremo, um sinestésico são os professores com boa movimentação em sala-de-aulas, que inflexionam as palavras com modulação de voz, interpretando o conteúdo explicado. As aulas práticas em laboratórios passam a ser uma ferramenta de grande valor, por lhes ser de fundamental importância a prática do que está aprendendo. Quando em momento de estudo solitário, ler em voz alta movimentando-se pelo espaço, que pode ser um quarto, uma sala, ou, até, uma pista de caminhada ou corrida em um parque usando um MP3, MP4, IPod... O importante é que associe movimentos, gestos, inflexões de vozes com o conteúdo estudado, pois quando precisar trazê-los da memória poderá fazê-lo lembrando da situação de aprendizagem.

O ideal é que todos busquem desenvolver em si os três Estilos de Aprendizagem afim de que possam aprender em qualquer situação de construção do conhecimento. E quanto ao docente, que a cada assunto que irá ministrar, que pense em estratégias adequadas à cada Estilo de Aprendizagem que encontrará inerente a cada um de seus aprendentes.

Bons estudos a todos...

Grande abraço,

____________________________________

Milton Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especializando em Educação a Distância
Designer Instrucional
Coordenador de Pólo Presencial – Eadcon

Referência:
http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/AU_01_jsilveira.pdf
Processamento Auditivo: Fundamentos e Terapias , de Ana Maria Alvarez, Editora Lovise